quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nojo de ti


Traduz tudo isso pra mim Augusto Dos Anjos.


Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija.




quarta-feira, 17 de novembro de 2010

"Eu Escrevi um Poema Triste"


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!



Mario Quintana

sábado, 14 de agosto de 2010

We only said goodbye with words
I died a hundred times...

domingo, 1 de agosto de 2010

"Ninguém me canta
como você
Ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito que só você...
Ninguém diz

Ninguém vê
Ninguém faz
como você
Ninguém me canta

Ninguém me encanta

como você."


Alice Ruiz

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Doenças

Do corpo



"Sorri quando a dor te torturar...




Da alma



E a saudade atormentar."







segunda-feira, 5 de julho de 2010

Traduza-me...



Seus olhos estão perigosamente pousados

sobre mim

como borboleta em flor

cobrindo minha pele em ternuras

suaves como seda

a farfalhar sobre os poros

e os pelos.

Luzes que incendeiam

em sublime música

meu corpo aceso em sede

Sombras sobre minha noite

embalam meu sono

devassando meus sonhos

onde secretamente me assombram

estando fora e sendo dentro

espelhos de amor intenso

e imenso.




Virgínia Schall

sexta-feira, 2 de julho de 2010





"Como te enganas!
Meu amor é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela - eu moço;
tens amor - eu medo!..."
Casimiro de Abreu







segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quero uma balada nova...

Tenho estado com uma habilidade impressionante de sentir tédio. Daqueles tristes, que torturam a alma.
" Vou dá um motivo de alegria pra essa droga! "
Resolvi entrar para um grupo de teatro. Compromisso vencido, desejo antigo... Lá fui eu.

Como me sinto feliz, realizada!


Acho que não só por ser algo que me faça sentir um bem danado, mas por ser uma vontade que incomodou meu coração durante anos.


Quantas não foram as vezes que pesquisei sobre os grupos, que li livros, que atuei pra mim mesma em frente ao espelho...


" Vamos improvisar pessoal!"

Aí veio o medo, o nervoso e a vergonha?
Inevitável!

Mas completamente superável!
Era como se fosse necessário fazer aquilo.
Eu nem me sai muito bem. Principalmente na frente daqueles atores incríveis, experientes!
Mas que nada!
Incrível fui eu! Que fui lá, fiz de qualquer jeito e me senti importante, completa!

Ser outra pessoa pra fugir um pouquinho de mim.

E porque não?

Agora eu posso ser eu mesma.
Posso ser quem eu quiser.


-> Casa da Comédia Cearense : Simpatia e sensibilidade.
->Professor Hiroldo Serra: Experiência e paixão.
->Turma do turno da noite: Poesia e determinação.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Coração selvagem

Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção

Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão


Eu quero um gole de cerveja no seu copo

No seu colo e nesse bar

Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja


Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja


Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo

Tenho pressa de viver


Mas quando você me amar, me abra
ce e me beije bem devagar

Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar


Tempo para ouvir o rádio no carro

Tempo para a turma do outro bairro, ver e saber que eu te amo


Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente

Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente

Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem


Tem essa pressa de viver


Meu bem, mas quando a vida nos violentar

Pediremos ao bom Deus que nos ajude


Falaremos para a vida: "Vida, pisa devagar


Meu coração cuidado é frágil;

Meu coração é como vidr
o, como um beijo de novela"


Meu
bem, talvez você possa compreender a minha solidão

O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver

E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza

E
arriscar tudo de novo com paixão


Andar caminho errado pela simples alegria de ser


Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo


Vem morrer comigo, meu bem, meu bem, meu bem


Talvez eu morra jovem:


Alguma curva no caminho, algum punhal de amor traído


Completará o meu destino, meu bem...

Que outros cantores chamam baby

Mas hoje eu sei que volta sempre, o sol...




Amanheci de tempo nublado. Até o céu também chorou.
Falou pelo meu coração que sofria desde ontem calado... pensando naquelas coisas.











"Você me tem fácil demais, mas não parece capaz de cuidar do que possui
Você sorriu e me propôs que eu te deixasse em paz
Me disse: Vai
e eu não fui.
Não faça assim
Não faça nada por mim
Não vá pensando que eu sou seu..."

terça-feira, 2 de março de 2010

Para quem quiser saber das minhas fraquezas...


Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal

Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real...



Nunca mais eu postei nada... Até que eu escrevo, mas como não tem net lá em casa fica ruim de postar trazendo pra lan. Quase sempre eu desisto de publicar, porque a coisa fica desatualizada...
Bem, bem... Aqui estou eu, ouvindo músicas e pensando na minha vida. Uma das coisas que eu mais fiz desde que nasci.
Corrigindo: A coisa que eu mais fiz desde que nasci. Definitivamente. ¬¬
Pensei e penso muito ainda. Muito mesmo!


Ultimamente:
Dormir, comer, ouvir (música), malhar (novidade!), militar(tenho um motivo para viver, que bom!), chorar...
Eis os verbos que vem guiando minha vida neste último período.
Estou trancada (literalmente) entre quatro paredes nessa casa que eu odeio. Não que eu esteja fazendo aquele jeitinho de “adolescente revoltada sem causa”. É que realmente eu odeio esse lugar e tenho argumentos para isso.


-> Moro em um apartamento, quente, escuro, apertado, abafado e cheio de grades porque minha mãe tem síndrome de segurança (criei agora) -> ela adora um cadeado. ¬¬
Enquanto que eu amo a luz solar, o vento e a terra. Queria muito morar em uma casa enorme, com um quintal, uma horta e animais de estimação. Um jardim com florzinhas pequenas e coloridas... :)
Pra piorar tudo isso, nós estamos reformando o apartamento, o que lógico tem um lado bom, como QUASE tudo nesse mundo. Minha mãe está fazendo a cozinha dos sonhos dela, toda revestida, organizadinha e bem bonita. Tentei dá uns pitacos e deixar ela com um toquinho de “casa da vovó” que eu adoro! Uma coisa assim meio antiguinha, por conta de alguns detalhes... Aqueles azulejos com desenhos que ficam entre as cerâmicas formando uma faixa por toda a parede. Os desenhos são de panelas, frutinhas, cebolas... O moço da loja disse para a minha mãe que já não era muito usado, mas ela foi convencida pelo preço bem mais em conta.
E também estamos reformando os banheiros, o social (mais geralzão) e o da suíte da minha mamis.
O apartamento que já era quente, abafado, escuro, apertado... Agora está com o fogão, a geladeira, o gelágua, os depósitos, pratos, tudo na sala.
Minha irmã está morando no quarto dela junto com o armário, a máquina de lavar e o microondas.
Eu estou vivendo com o computador e com a Celina (xeno) que passa o dia basicamente dormindo, comendo ou destruindo meu colchão.
Sem contar no barulho dos rapazes quebrando tudo e depois colando de novo.

Vou tentar justificar minha vagabundeza.

Bom, eu passei no vestibular como vocês já devem saber \o/ (se é que alguém acessa esse blog ¬¬). E por conta disso estou livre da física, da matemática (pelo menos por um tempo), e das chatices dos professores dizendo mentiras no nosso ouvido para nos incentivar, coisas como: É só você se esforçar que você consegue...
Estou livre de ouvir a palavra “concorrente” milhões de vezes por dia. Algo que nos faz sentir um medo horrível e raiva das pessoas que almejam o mesmo curso que a gente (é a pior coisa!).
Mas, como eu passei para o segundo semestre, as minhas aulas só começam em Agosto.
Lara: “Pádua o que será que eu vou fazer até o começo das aulas?”
Pádua¹: “ Ah você fica ‘coçando o saco...’ ”
Lara: “Mas eu não tenho saco...”
Pádua: “Então você arranja outra coisa pra fazer.”
Bem, e foi o que eu arranjei pra fazer, sentir tédio, muito tédio!
Daqueles que dão uma angústia terrível de vê a vida passando lá fora, o mundo explodindo, milhões de coisas acontecendo, Raul Seixas tocando nos bares pela cidade e pessoas rindo, se divertindo, tantas emoções e eu aqui vendo minha gata dormindo na minha cama.
Tenho dormido muito, e dormido mal, principalmente por causa desse calor insuportável.
Nem de ler eu tenho tido paciência.
E chorado... Porque chorado?
Não sei...
Tenho estado beeem frágil. Ou seja, fresca.
São músicas, fotos, seções de nostalgia, a mínima discussão que eu tenho com minha mãe, os elefantes da reportagem do globo repórter, a vez que eu ligo e meu namorado não retorna, as poesias que eu rabisquei nas paredes do quarto, tudo é motivo para derramar algumas lágrimas.
Acho que estou me sentindo só.
Não sou mais a garota rodeada de amigos que era antes. Comunicativa, corajosa... Nessa questão eu regredi muito. Tenho sido uma garota tímida, insegura, que fala baixo e rir olhando pro chão.
Eu não era assim... Não sei o que me fez mudar.
Fazia peças teatrais na rua, grupo de dança, apresentava trabalho na frente de uma platéia lotada no microfone e era sensacional. Isso eu era mesmo.
Hoje eu tenho outras fraquezas, algumas ainda são as de antes...
Uma coisa eu não mudei:
Continuo entendendo todo mundo!
Ai que raiva! Como isso me irrita.
Todos os pivetes me chamavam por apelido e os mais espertinhos diziam “Lá vai a defensora dos ofendidos!” :P
Gente... Eu tenho muito raiva disso. De entender as pessoas como eu entendo. Não consigo sentir raiva de uma pessoa durante muito tempo e quando tem briga eu quase sempre me convenço que realmente sou eu a errada... Mesmo estando certa. E o que me faz sentir raiva mesmo é porque em uma briga ninguém consegue me entender e dizer: “Você tem razão! Desculpe-me...” porque às vezes, pessoas, mesmo estando errada e sabendo disso, como eu quase sempre sei, é só isso que eu gostaria de ouvir. Alguém dizendo que me entende pra que depois eu não precise me trancar e resolver as angústias do meu coração sozinha, como eu SEMPRE faço.
Lá vou eu chorar de novo...
Vou parar de compartilhar meus transtornos psicológicos com vocês. Kkkkkk



1. Pádua: Um amigo meu do partido.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os dezoito anos


Boa era a casa da vovó!



No niver de 8 anos eu soprei a velinha com tanta força que ela caiu no bolo.


A gente vai crescendo e de repente deixa de ligar para esse tipo de comemoração. Há alguns anos atrás eu contava dia menos dia para que chegasse, finalmente, a data do meu aniversário. Acordava radiante e ansiosa, fingia que não me lembrava de nada só para vê se alguém lembraria de mim. Colocava minha melhor roupa e saia pela rua toda me achando a fruta madura da grande árvore: Mundo.
Aí a gente acorda um belo dia e o encanto já não é mais o mesmo. As coisas vão perdendo toda aquela emoção da infância e bate uma nostalgia...
Ainda bem que eu tenho ótimas pessoas ao meu lado que se esforçam sempre para que a vida não perca todas as cores.

É por causa dessas pessoas que a gente se sente especial e amada.
Eu recebi muitas mensagens de celular, muitos telefonemas alegres. Tive o prazer de conversar com amigos que se lembraram de mim, apesar da distância. Até pude consolar uma amiga que sofre de dor de amor...
O bom dessa vida é ter amigos e muita consciência para ajudar quem precisa do jeito certo.
Eu tenho isso aos montes!
Tenho toda a minha força de vontade e tenho gentileza por todos os lados. Não posso reclamar.
O que mais posso querer além de saúde, auto-estima e luz solar? Amor! Porque é bom demais da conta... rsrsrs
Esse ano, particularmente, foi mais feliz.
Estou tão bem que na hora de cortar a torta (delícia) foram alguns minutos de uma indecisão danada sobre qual pedido fazer.

Já que o pedido tem que ser individual e não coletivo, só me resta desejar de todo o coração que pessoas como as que eu tenho ao meu lado estejam comigo sempre. Porque o resto eu já tenho de sobra e quero compartilhar com vocês!


domingo, 31 de janeiro de 2010

Novo Enem, novo ataque à educação!



Semana eu fui a um debate sobre o Novo Enem no DCE da UFC e percebi como estava totalmente por fora desse assunto. Mas, essa não é uma debilidade exclusiva da minha pessoa. Acho que a minoria dos estudantes das escolas públicas entende sobre mais esse ataque que a educação vem sofrendo por parte do governo Lula. Pra começar, poucos alunos de escolas públicas alimentam a perspectiva de entrar em uma universidade. Essa juventude, infelizmente, não tem condições de bancar um curso superior, mesmo nas instituições públicas, pois pagar passagens de ônibus e ter dinheiro para tiragens de xérox não está ao alcance de todos nós. A vida segue parecendo ser mais fácil ao lado do perigo de assaltar os ricos com uma arma na mão e dessa forma morrer cedo. Ou talvez virar escravo em alguma dessas empresas aproveitadoras e desumanas.
No decorrer da minha vida de estudante da rede pública de ensino, me deparei com muita gente boa que foi se perdendo nessa vida. Foram amigos que entraram para o crime, amigos mortos, amigos fugidos, amigos presos, amigos que sentavam na primeira fila da sala de aula e,hoje, estão sobrevivendo da venda de passagem de ônibus do Passe Card horrendo da prefeita, na Praça Coração de Jesus. Amigos alcoólatras, amigas grávidas com 17,15,14 anos de idade largando os estudos para cuidar de uma criança mesmo ainda sendo uma. Amigas essas, que muitas vezes se trancaram no banheiro da escola com vergonha da discriminação que sofriam por parte dessa sociedade cruel e machista.
A minha escola, que já chegou a se destacar (2007) em “qualidade de ensino” dentre as outras de Fortaleza, possui mais de 2 mil alunos e aprovou apenas 14 pessoas no ano passado nos vestibulares da cidade, incluindo o programa mascarado do Prouni.
Esse ano, de todos os heróis com quem eu convivi na minha corrida em busca de uma vaga na faculdade, apenas eu e outro amigo fomos aprovados. Eles estão arrasados, desestimulados e se achando burros, incapazes... Mas, não é que não tenham estudado o bastante, é que não tem vagas para nós lá dentro. Não é para entrarmos, na verdade eles querem que cada vez mais fiquemos distantes de uma educação digna e assim alimentamos a mão de obra barata para a classe burguesa exploradora com quem esse governo vem fazendo parceria em nome do imperialismo.
A prova do Enem não melhora, para esses alunos, só porque ficou mais interpretativa, na verdade ela soa como um teste de resistência para eles que talvez nunca tenham conseguido ler um livro de 30 páginas até o final. Uma prova que tem 180 questões para serem respondidas em dois dias consecutivos, tendo que se utilizar apenas de 2 minutos por questão e ainda ter que escrever um texto de redação, é muito pesada, inclusive literalmente.
Epa! E a concorrência aumentou, viu? Agora a disputa pela vaga é com todo o Brasil e mesmo com a aprovação em algum curso em outro estado, aqueles que terão condição de se deslocar, não serão os alunos da Escola Estadual Liceu de Messejana, e sim aqueles que possuem grana o suficiente para bancar uma escola privada. Isso sem contar que pouquíssimos são os estudantes que tem acesso à informática. Gostaria de entender como esses alunos poderão acessar a internet a cada três dias para vê se finalmente foram contemplados por uma vaga. O vestibular virando uma corrida maior, até parece a bolsa de valores...
A reitoria da UFC já anunciou que ousará aprovar o novo Enem como forma de seleção para o próximo vestibular, esquecendo-se inclusive, dos profissionais que ao longo dos anos vêm se capacitando em História do Ceará, Geografia do Ceará, ou mesmo em Inglês, Francês e Italiano... Disciplinas que ficarão de fora da prova caso isso seja aprovado.
Fará isso sem nenhum debate, sem nenhum esclarecimento, passando por cima do direito de decidir de todos os estudantes que se matam de estudar à anos e não conseguem entrar na universidade. Mas quem disse que ficaremos parados? Quem disse que na hora em que essa cúpula estiver se reunindo para decidir, nós não estaremos lá fora aos montes, fazendo barulho e expressando a nossa indignação?


Segunda-feira: 08:00 da matina em frente à reitoria da UFC.

“No ritmo da poesia marginal
Lutar pra sobreviver é se opor ao capital!”

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Na ”Geração Orkut” todo mundo é um fake.





Veja só a crueldade desse sistema em que a gente vive. Ele tira nossas vidas, tudo aquil
o de melhor que a gente poderia vivenciar. Como ser feliz se a tendência é sempre piorar pro nosso lado?
Pensei nisso quando me lembrei de uma das melhores épocas da minha vida, apesar de vários problemas familiares, foi na minha infância que eu mais tive esperança de ser feliz. Porque querendo ou não, naquela época conseguia ver mais magia nas coisas, mais bondade nas pessoas e por isso eu era muito otimista. Vivia o fantástico, idealizava sonhos, era quem eu quisesse ser, mesmo que fosse só de brincadeira...
As crianças, hoje, estão cada vez mais “erotizadas”. Isso me entristece e causa medo. Me lembro no dia em que estava no banheiro do colégio e vi uma garotinha que tinha no máximo os seus 11 anos e ela estava absurdamente maquiada e falava como se tivesse 40 anos de idade. Fora a chapinha no cabelo... Eu achei um absurdo aquilo! Mas, pensei que podia ser o fato de ela ser uma patricinha,uma garotinha mimada... Mas, logo depois eu fui numa reunião que teve na casa de uma tia minha para rever meus familiares com quem eu cresci, já que vivi maior parte da minha vida com a minha . São pessoas humildes que vivem em um bairro assim- bem rústico (tipo interior) em Fortaleza. E tem uma prima minha que eu praticamente vi nascer, cresci com ela e até ensinei-a a ler as primeiras letras, quando a gente brincava de escola eu era a professora (Era o destino me chamando? Rsrs Não! Destino não existe, babe! :p).
Então, eu criei um vínculo muito forte por essa garota. Hoje ela tem 10 anos de idade, e quando eu a vi foi um banho de água fria caindo sobre minha cabeça. Lá estava minha prima de 10 anos, passando maquiagem no rosto. Passou corretivo, base, pó, lápis de olho, batom e passou o delineador perfeitamente com uma agilidade inexplicável; (eu já tentei uma vez passar aquele troço e me borrei toda) a agilidade que aquela criança tinha de passar aquele negócio no olho me deixou impressionada.
Então eu perguntei a ela:
-Pra quê você está fazendo isso? !
-Pra ficar bonita.
-Mas, você não precisa ficar bonita Jéssica. Você tem é que ficar a vontade pra poder brincar entendeu?
-Brincar? Eu não brinco mais. Eu não sou nem piveta pra ficar brincando.
Eu acho que precisei de uns 15 minutos pra aceitar aquilo. Fiquei só olhando lá pra ela, criança adulta... Parecia até um ET. Como assim não sou mais piveta? Como assim não brinco mais?
Eu sinto muito ódio dessas coisas. Pouco eu já tenho pra lembrar da minha infância. Na minha geração houve quase nada aproveitável. Eu não tive balão mágico, ou Ex-Man. Eu tive É o tchan! pra dançar e Xuxa pra assistir, o finalzinho do Xuxa park eu peguei. ¬¬ A minha infância guiada por uma pedófila nojenta. Mas hoje?
Tá mil vezes pior! Não tem nada que escape. Nada que preste... Cada vez mais as crianças namoram mais cedo e começam sua vida sexual mais cedo, crianças acorrentadas pela mídia, erotizadas, prostituídas e seguindo essa sequência- engravidam mais cedo, largam a escola mais cedo... A febre da swingueira tem muita culpa disso.
Veja só o padrão de beleza que existe na nossa sociedade, que está sempre a serviço do consumismo capitalista. Todo mundo é loiro, magro, tem cabelo liso e usa maquiagem. Se a pessoa quiser ser “bonita”, já viu: tem que ser magra, loira, ter cabelo liso e usar maquiagem. A minha geração é, infelizmente, conhecida como a “geração Orkut”, você deve imaginar o orgulho que eu sinto disso...
Poucas gerações antes da minha os jovens eram rebeldes, ouviam rock’n roll e morriam de overdose.
Hoje, quando as pessoas vão sair de casa parece até que se aprontam como se fossem tirar uma foto pra pôr no Orkut. Nós estamos cada vez mais parecidos com robôs. A identidade de cada ser está se perdendo e ninguém mais ver quem realmente é (a sua essência) refletida no espelho. Tudo é artificial, fingido, padronizado e chato... Muito chato.
Na escola onde eu estudei o pré-vestibular eu me sentia um bicho exótico quando entrava no banheiro. Porque todas as meninas estavam lá, idênticas de assustar e todas olhavam pra mim e ficam admiradas porque eu não sou magra, loira, não tenho cabelo liso e não estou toda maquiada.

E agora me digam vocês: Onde é que tudo isso vai parar se a gente não intervir?



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Passada a fase vestibulanda...


Até que enfim eu consegui passar no vestibular. Foi muito difícil, foi duro, foi pesado... Mas eu consegui! Ah! Só eu sei o peso que retirei de cima das minhas costas e como me sinto realizada agora.
Uma sensação que eu ainda não compartilhei com ninguém foi a emoção que eu senti quando passei em frente ao Colégio Lourenço Filho e pensei: Nunca mais...
O bom dessa história toda, o melhor da festa que meus amigos fizeram foi vê a alegria que minha mãe sentiu de conseguir ter me criado sozinha e ter me colocado dentro de uma universidade.
Estou em busca dos meus sonhos, mas poderia está perdendo minha vida em alguma empresa dessas qualquer sendo escrava desse sistema imundo.
A minha mãe tem culpa disso. Muito obrigada por cuidar de mim.
Poucos dos meus amigos passaram e eu fiquei mal por isso. Mesmo! Eles mereciam. E quem não merecia?
Pena que a exclusão social está longe de acabar. Enquanto isso eu vou continuar lutando.


Letras. Um dia eu ainda posso ser uma grande escritora. Vou continuar sonhando. Sempre!!

Clarisse Contagie!



Clarisse sentia uma alegria que é impossível de se descrever. Nem mesmo ela conseguia entender o sentimento que tomava conta do seu corpo.
Era mais alívio que alegria, mais esperança que satisfação. Uma esperança gostosa de ser sentida, esperança que soava quase como uma certeza...
As mãos tremeram, a cabeça acumulou todo o sangue nervoso que o coração bombeava atordoado. As pernas perderam as forças. Era verdade, não era mais fantasia, sonho... Queria explodir, contar para todas as pessoas. Foi então que sentiu uma vontade de se movimentar, de pular, de fazer algo. Mas, a sua voz não ajudava, pois inicialmente ela calou-se, ficou com aquilo tudo dentro de si. O seu corpo não a deixava compartilhar a notícia, é como se durante alguns segundos ele quisesse que apenas ela a sentisse. Merecidamente, hoje, Clarisse sorri e sonha mais do que antes. Por quê? Ela pode fazer isso.