Veja só a crueldade desse sistema em que a gente vive. Ele tira nossas vidas, tudo aquilo de melhor que a gente poderia vivenciar. Como ser feliz se a tendência é sempre piorar pro nosso lado?
Pensei nisso quando me lembrei de uma das melhores épocas da minha vida, apesar de vários problemas familiares, foi na minha infância que eu mais tive esperança de ser feliz. Porque querendo ou não, naquela época conseguia ver mais magia nas coisas, mais bondade nas pessoas e por isso eu era muito otimista. Vivia o fantástico, idealizava sonhos, era quem eu quisesse ser, mesmo que fosse só de brincadeira...
As crianças, hoje, estão cada vez mais “erotizadas”. Isso me entristece e causa medo. Me lembro no dia em que estava no banheiro do colégio e vi uma garotinha que tinha no máximo os seus 11 anos e ela estava absurdamente maquiada e falava como se tivesse 40 anos de idade. Fora a chapinha no cabelo... Eu achei um absurdo aquilo! Mas, pensei que podia ser o fato de ela ser uma patricinha,uma garotinha mimada... Mas, logo depois eu fui numa reunião que teve na casa de uma tia minha para rever meus familiares com quem eu cresci, já que vivi maior parte da minha vida com a minha vó. São pessoas humildes que vivem em um bairro assim- bem rústico (tipo interior) em Fortaleza. E tem uma prima minha que eu praticamente vi nascer, cresci com ela e até ensinei-a a ler as primeiras letras, quando a gente brincava de escola eu era a professora (Era o destino me chamando? Rsrs Não! Destino não existe, babe! :p).
Então, eu criei um vínculo muito forte por essa garota. Hoje ela tem 10 anos de idade, e quando eu a vi foi um banho de água fria caindo sobre minha cabeça. Lá estava minha prima de 10 anos, passando maquiagem no rosto. Passou corretivo, base, pó, lápis de olho, batom e passou o delineador perfeitamente com uma agilidade inexplicável; (eu já tentei uma vez passar aquele troço e me borrei toda) a agilidade que aquela criança tinha de passar aquele negócio no olho me deixou impressionada.
Então eu perguntei a ela:
-Pra quê você está fazendo isso? !
-Pra ficar bonita.
-Mas, você não precisa ficar bonita Jéssica. Você tem é que ficar a vontade pra poder brincar entendeu?
-Brincar? Eu não brinco mais. Eu não sou nem piveta pra ficar brincando.
Eu acho que precisei de uns 15 minutos pra aceitar aquilo. Fiquei só olhando lá pra ela, criança adulta... Parecia até um ET. Como assim não sou mais piveta? Como assim não brinco mais?
Eu sinto muito ódio dessas coisas. Pouco eu já tenho pra lembrar da minha infância. Na minha geração houve quase nada aproveitável. Eu não tive balão mágico, ou Ex-Man. Eu tive É o tchan! pra dançar e Xuxa pra assistir, o finalzinho do Xuxa park eu peguei. ¬¬ A minha infância guiada por uma pedófila nojenta. Mas hoje?
Tá mil vezes pior! Não tem nada que escape. Nada que preste... Cada vez mais as crianças namoram mais cedo e começam sua vida sexual mais cedo, crianças acorrentadas pela mídia, erotizadas, prostituídas e seguindo essa sequência- engravidam mais cedo, largam a escola mais cedo... A febre da swingueira tem muita culpa disso.
Veja só o padrão de beleza que existe na nossa sociedade, que está sempre a serviço do consumismo capitalista. Todo mundo é loiro, magro, tem cabelo liso e usa maquiagem. Se a pessoa quiser ser “bonita”, já viu: tem que ser magra, loira, ter cabelo liso e usar maquiagem. A minha geração é, infelizmente, conhecida como a “geração Orkut”, você deve imaginar o orgulho que eu sinto disso...
Poucas gerações antes da minha os jovens eram rebeldes, ouviam rock’n roll e morriam de overdose.
Hoje, quando as pessoas vão sair de casa parece até que se aprontam como se fossem tirar uma foto pra pôr no Orkut. Nós estamos cada vez mais parecidos com robôs. A identidade de cada ser está se perdendo e ninguém mais ver quem realmente é (a sua essência) refletida no espelho. Tudo é artificial, fingido, padronizado e chato... Muito chato.
Na escola onde eu estudei o pré-vestibular eu me sentia um bicho exótico quando entrava no banheiro. Porque todas as meninas estavam lá, idênticas de assustar e todas olhavam pra mim e ficam admiradas porque eu não sou magra, loira, não tenho cabelo liso e não estou toda maquiada.
E agora me digam vocês: Onde é que tudo isso vai parar se a gente não intervir?
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Na ”Geração Orkut” todo mundo é um fake.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirmuito bom o post!
ResponderExcluircomeça bom desde o título, passando pelas imagens, e claro, o conteúdo!
mais uma seguidora.
continue escrevendo. seu texto tem muita força. na verdade, é reflexo da escritora! :)
Tenho o pensamento IDÊNTICO ao seu. Mais te digo, não desanime a tendência é: PIORAR!
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