domingo, 31 de janeiro de 2010

Novo Enem, novo ataque à educação!



Semana eu fui a um debate sobre o Novo Enem no DCE da UFC e percebi como estava totalmente por fora desse assunto. Mas, essa não é uma debilidade exclusiva da minha pessoa. Acho que a minoria dos estudantes das escolas públicas entende sobre mais esse ataque que a educação vem sofrendo por parte do governo Lula. Pra começar, poucos alunos de escolas públicas alimentam a perspectiva de entrar em uma universidade. Essa juventude, infelizmente, não tem condições de bancar um curso superior, mesmo nas instituições públicas, pois pagar passagens de ônibus e ter dinheiro para tiragens de xérox não está ao alcance de todos nós. A vida segue parecendo ser mais fácil ao lado do perigo de assaltar os ricos com uma arma na mão e dessa forma morrer cedo. Ou talvez virar escravo em alguma dessas empresas aproveitadoras e desumanas.
No decorrer da minha vida de estudante da rede pública de ensino, me deparei com muita gente boa que foi se perdendo nessa vida. Foram amigos que entraram para o crime, amigos mortos, amigos fugidos, amigos presos, amigos que sentavam na primeira fila da sala de aula e,hoje, estão sobrevivendo da venda de passagem de ônibus do Passe Card horrendo da prefeita, na Praça Coração de Jesus. Amigos alcoólatras, amigas grávidas com 17,15,14 anos de idade largando os estudos para cuidar de uma criança mesmo ainda sendo uma. Amigas essas, que muitas vezes se trancaram no banheiro da escola com vergonha da discriminação que sofriam por parte dessa sociedade cruel e machista.
A minha escola, que já chegou a se destacar (2007) em “qualidade de ensino” dentre as outras de Fortaleza, possui mais de 2 mil alunos e aprovou apenas 14 pessoas no ano passado nos vestibulares da cidade, incluindo o programa mascarado do Prouni.
Esse ano, de todos os heróis com quem eu convivi na minha corrida em busca de uma vaga na faculdade, apenas eu e outro amigo fomos aprovados. Eles estão arrasados, desestimulados e se achando burros, incapazes... Mas, não é que não tenham estudado o bastante, é que não tem vagas para nós lá dentro. Não é para entrarmos, na verdade eles querem que cada vez mais fiquemos distantes de uma educação digna e assim alimentamos a mão de obra barata para a classe burguesa exploradora com quem esse governo vem fazendo parceria em nome do imperialismo.
A prova do Enem não melhora, para esses alunos, só porque ficou mais interpretativa, na verdade ela soa como um teste de resistência para eles que talvez nunca tenham conseguido ler um livro de 30 páginas até o final. Uma prova que tem 180 questões para serem respondidas em dois dias consecutivos, tendo que se utilizar apenas de 2 minutos por questão e ainda ter que escrever um texto de redação, é muito pesada, inclusive literalmente.
Epa! E a concorrência aumentou, viu? Agora a disputa pela vaga é com todo o Brasil e mesmo com a aprovação em algum curso em outro estado, aqueles que terão condição de se deslocar, não serão os alunos da Escola Estadual Liceu de Messejana, e sim aqueles que possuem grana o suficiente para bancar uma escola privada. Isso sem contar que pouquíssimos são os estudantes que tem acesso à informática. Gostaria de entender como esses alunos poderão acessar a internet a cada três dias para vê se finalmente foram contemplados por uma vaga. O vestibular virando uma corrida maior, até parece a bolsa de valores...
A reitoria da UFC já anunciou que ousará aprovar o novo Enem como forma de seleção para o próximo vestibular, esquecendo-se inclusive, dos profissionais que ao longo dos anos vêm se capacitando em História do Ceará, Geografia do Ceará, ou mesmo em Inglês, Francês e Italiano... Disciplinas que ficarão de fora da prova caso isso seja aprovado.
Fará isso sem nenhum debate, sem nenhum esclarecimento, passando por cima do direito de decidir de todos os estudantes que se matam de estudar à anos e não conseguem entrar na universidade. Mas quem disse que ficaremos parados? Quem disse que na hora em que essa cúpula estiver se reunindo para decidir, nós não estaremos lá fora aos montes, fazendo barulho e expressando a nossa indignação?


Segunda-feira: 08:00 da matina em frente à reitoria da UFC.

“No ritmo da poesia marginal
Lutar pra sobreviver é se opor ao capital!”

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Na ”Geração Orkut” todo mundo é um fake.





Veja só a crueldade desse sistema em que a gente vive. Ele tira nossas vidas, tudo aquil
o de melhor que a gente poderia vivenciar. Como ser feliz se a tendência é sempre piorar pro nosso lado?
Pensei nisso quando me lembrei de uma das melhores épocas da minha vida, apesar de vários problemas familiares, foi na minha infância que eu mais tive esperança de ser feliz. Porque querendo ou não, naquela época conseguia ver mais magia nas coisas, mais bondade nas pessoas e por isso eu era muito otimista. Vivia o fantástico, idealizava sonhos, era quem eu quisesse ser, mesmo que fosse só de brincadeira...
As crianças, hoje, estão cada vez mais “erotizadas”. Isso me entristece e causa medo. Me lembro no dia em que estava no banheiro do colégio e vi uma garotinha que tinha no máximo os seus 11 anos e ela estava absurdamente maquiada e falava como se tivesse 40 anos de idade. Fora a chapinha no cabelo... Eu achei um absurdo aquilo! Mas, pensei que podia ser o fato de ela ser uma patricinha,uma garotinha mimada... Mas, logo depois eu fui numa reunião que teve na casa de uma tia minha para rever meus familiares com quem eu cresci, já que vivi maior parte da minha vida com a minha . São pessoas humildes que vivem em um bairro assim- bem rústico (tipo interior) em Fortaleza. E tem uma prima minha que eu praticamente vi nascer, cresci com ela e até ensinei-a a ler as primeiras letras, quando a gente brincava de escola eu era a professora (Era o destino me chamando? Rsrs Não! Destino não existe, babe! :p).
Então, eu criei um vínculo muito forte por essa garota. Hoje ela tem 10 anos de idade, e quando eu a vi foi um banho de água fria caindo sobre minha cabeça. Lá estava minha prima de 10 anos, passando maquiagem no rosto. Passou corretivo, base, pó, lápis de olho, batom e passou o delineador perfeitamente com uma agilidade inexplicável; (eu já tentei uma vez passar aquele troço e me borrei toda) a agilidade que aquela criança tinha de passar aquele negócio no olho me deixou impressionada.
Então eu perguntei a ela:
-Pra quê você está fazendo isso? !
-Pra ficar bonita.
-Mas, você não precisa ficar bonita Jéssica. Você tem é que ficar a vontade pra poder brincar entendeu?
-Brincar? Eu não brinco mais. Eu não sou nem piveta pra ficar brincando.
Eu acho que precisei de uns 15 minutos pra aceitar aquilo. Fiquei só olhando lá pra ela, criança adulta... Parecia até um ET. Como assim não sou mais piveta? Como assim não brinco mais?
Eu sinto muito ódio dessas coisas. Pouco eu já tenho pra lembrar da minha infância. Na minha geração houve quase nada aproveitável. Eu não tive balão mágico, ou Ex-Man. Eu tive É o tchan! pra dançar e Xuxa pra assistir, o finalzinho do Xuxa park eu peguei. ¬¬ A minha infância guiada por uma pedófila nojenta. Mas hoje?
Tá mil vezes pior! Não tem nada que escape. Nada que preste... Cada vez mais as crianças namoram mais cedo e começam sua vida sexual mais cedo, crianças acorrentadas pela mídia, erotizadas, prostituídas e seguindo essa sequência- engravidam mais cedo, largam a escola mais cedo... A febre da swingueira tem muita culpa disso.
Veja só o padrão de beleza que existe na nossa sociedade, que está sempre a serviço do consumismo capitalista. Todo mundo é loiro, magro, tem cabelo liso e usa maquiagem. Se a pessoa quiser ser “bonita”, já viu: tem que ser magra, loira, ter cabelo liso e usar maquiagem. A minha geração é, infelizmente, conhecida como a “geração Orkut”, você deve imaginar o orgulho que eu sinto disso...
Poucas gerações antes da minha os jovens eram rebeldes, ouviam rock’n roll e morriam de overdose.
Hoje, quando as pessoas vão sair de casa parece até que se aprontam como se fossem tirar uma foto pra pôr no Orkut. Nós estamos cada vez mais parecidos com robôs. A identidade de cada ser está se perdendo e ninguém mais ver quem realmente é (a sua essência) refletida no espelho. Tudo é artificial, fingido, padronizado e chato... Muito chato.
Na escola onde eu estudei o pré-vestibular eu me sentia um bicho exótico quando entrava no banheiro. Porque todas as meninas estavam lá, idênticas de assustar e todas olhavam pra mim e ficam admiradas porque eu não sou magra, loira, não tenho cabelo liso e não estou toda maquiada.

E agora me digam vocês: Onde é que tudo isso vai parar se a gente não intervir?



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Passada a fase vestibulanda...


Até que enfim eu consegui passar no vestibular. Foi muito difícil, foi duro, foi pesado... Mas eu consegui! Ah! Só eu sei o peso que retirei de cima das minhas costas e como me sinto realizada agora.
Uma sensação que eu ainda não compartilhei com ninguém foi a emoção que eu senti quando passei em frente ao Colégio Lourenço Filho e pensei: Nunca mais...
O bom dessa história toda, o melhor da festa que meus amigos fizeram foi vê a alegria que minha mãe sentiu de conseguir ter me criado sozinha e ter me colocado dentro de uma universidade.
Estou em busca dos meus sonhos, mas poderia está perdendo minha vida em alguma empresa dessas qualquer sendo escrava desse sistema imundo.
A minha mãe tem culpa disso. Muito obrigada por cuidar de mim.
Poucos dos meus amigos passaram e eu fiquei mal por isso. Mesmo! Eles mereciam. E quem não merecia?
Pena que a exclusão social está longe de acabar. Enquanto isso eu vou continuar lutando.


Letras. Um dia eu ainda posso ser uma grande escritora. Vou continuar sonhando. Sempre!!

Clarisse Contagie!



Clarisse sentia uma alegria que é impossível de se descrever. Nem mesmo ela conseguia entender o sentimento que tomava conta do seu corpo.
Era mais alívio que alegria, mais esperança que satisfação. Uma esperança gostosa de ser sentida, esperança que soava quase como uma certeza...
As mãos tremeram, a cabeça acumulou todo o sangue nervoso que o coração bombeava atordoado. As pernas perderam as forças. Era verdade, não era mais fantasia, sonho... Queria explodir, contar para todas as pessoas. Foi então que sentiu uma vontade de se movimentar, de pular, de fazer algo. Mas, a sua voz não ajudava, pois inicialmente ela calou-se, ficou com aquilo tudo dentro de si. O seu corpo não a deixava compartilhar a notícia, é como se durante alguns segundos ele quisesse que apenas ela a sentisse. Merecidamente, hoje, Clarisse sorri e sonha mais do que antes. Por quê? Ela pode fazer isso.