Amanheceu. Como sempre a parede amarela iluminou todo o recinto. Mas dessa vez com uma competência digna do próprio astro, como se o sol tivesse invadido pela janela e se instalado bem ao lado da cama. O vento artificial e barulhento do ventilador não incomodou como de costume acontece ao nascer dos dias. Quando levantou, o calor apresentou-se nas costas fazendo uma sinopse da temperatura das próximas horas.
Banho menos preguiçoso e tão leve. Gostoso, demorado... A água caindo sobre o corpo, em câmera lenta, resfriando gradativamente do couro cabeludo até a ponta dos dedos dos pés, até que os membros se transformassem em algo como a água escorrendo do chuveiro.
O dia foi intenso como o sol desejava que fosse. Uma blusa leve, o cabelo trançado, a busca quase incansável pelas sombras emprestadas das copas das árvores e uma sede, que sede! Então mais água, dessa vez resfriando por dentro, para compensar o líquido que escorria em gota vez por outra embaixo da roupa entre os seios.
Antes de deitar, de volta ao banheiro, o banho frio, demorado e com essências frescas. Momento ritualístico.
Já sem a roupa incômoda e contraditoriamente companheira, entre a boca da noite e a madrugada, sob a fina película transparente do lençol, acariciou a barriga... Uma noite de luar brilhante, igualmente calorosa envolvendo os corações. Esse fogo faz lembrar aquele doce cansaço provocado (pelo calor humano). Acendem os sonhos quentes, incendeia os corações cansados de um corpo frio. E a sede... Que sede de vida!
22/03
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